Odília ou as musas confusas no cérebro de Patrícia Portela

Editorial Caminho, 2007

Odília, é uma musa muito confusa que quando tinha aproximadamente 8, 9, 10 quase 30 anos, Odília viu um anúncio num jornal que dizia: PROCURAM-SE jovens bonitas, simpáticas, energéticas, sociáveis, fotogénicas, de preferência estudantes, com total disponibilidade para trabalhar em TAREFAS INSPIRADORAS! E depois em letras muito pequeninas lia-se: a qualquer hora, em qualquer lugar, pagas com recibo verde sem subsídio de almoço ou transporte mas com grandes perspectivas de vir a alcançar grande reconhecimento na área, um dia, mais tarde. Odília devia ter os seus 12, 13, 14 quase 17 anos, por aí, e tal como todas as pessoas da sua idade, que não percebem puto do mundo qu’anda à sua volta, ela achou que era o emprego ideal. E concorreu. Mas chegou atrasada à entrevista; já não havia mais nenhuma vaga para inspirações. Odília, sentindo-se a única musa desempregada no mundo, saiu porta fora, e correu, correu, correu, correu, até tropeçar numa outra musa… Penélope.

Imprensa

«[…] após os romances de Nuno Bragança, na década de 70, nenhuma narrativa portuguesa tinha operado tamanha subversão na ideia de representação da realidade […] uma linguagem própria, extasiante, enfeitiçante […] um processo alquímico […] pulsão metamorfoseadora de pluralidades de sentidos […] sem distinção de planos ontológicos ou epistemológicos. […] Ler Odília é, assim, penetrar num processo imagético de descoberta e revelação, uma liturgia contínua de prazer e assombro».
Miguel Real in JL 5 12 2008